Muitas vezes queremos ter o privilégio de ser o primeiro a noticiar uma grande manchete. Em outras vezes, o melhor é tomar distância do acontecimento para melhor compreendê-lo.
No caso João Paulo Teixeira Ramos, a maioria absoluta da imprensa local se apressou a julgá-lo condenando-o, mas não teve a grandeza de, com a mesma ênfase, defendê-lo ao saber que sua prisão fora resultado de um flagrante preparado. Ao contrário, limitou-se a omitir o fato.
Agora, no caso da Operação Públio Vatino, onde aparecem três vereadores e dois ex-vereadores como suspeitos, alguns já conduziram por conta própria o inquérito à sua conclusão apontando criminosos e determinando as penas, em um mero exercício de criatividade, sem ouvir defesas nem permitir o direito ao contraditório.
O Capitão Vieira já publicou nas redes sociais uma autodefesa por ser acusado de ter uma banca do jogo do bicho, único crime alegado a ele no inquérito da supracitada operação. O vereador diz que não tem ligação com esse tipo de atividade. O desenvolvimento do processo mostrará se ele está com a verdade.
Aprofundarei o assunto a partir dos próximos dias após concluir a leitura do inquérito de 808 páginas que a mim chegou à noite de sexta-feira (19). Entretanto, na folha 15, uma passagem me chamou a atenção, precisamente uma conversa entre o ex-vereador Antônio de Lunga, réu no processo, e o vereador Márcio Joias que não figura como acusado. Uma conversa nada republicana. Leia o trecho do inquérito abaixo.
"Foi degravada, ainda, ligação do ex-vereador cassado ANTÔNIO DE LUNGA com o vereador MÁRCIO JOIAS, sobre cassação de mandatos e deixam claro que contam com a impunidade, pois recorrem para instâncias até Brasília e eles têm tempo, segundo eles, para concluírem o mandato e ainda tentam nova eleição. Finalizam, tendo a certeza que a prisão de segunda instância não sairá mais, porque SERGIO MORO saiu (sic)."
Essa conversa, por citar a saída de Sérgio Moro, indica que tenha ocorrido em 2020. Mas o lamentável é seu conteúdo anti-republicano onde a grande heroína para esses senhores é a IMPUNIDADE. Ora! A impunidade não interessa a quem não tem dolo, a quem não tem crime, a quem não é dado a vícios de ilegalidade. Na ocasião, os dois conversavam se Antônio de Lunga deveria ou não se candidatar.
Márcio Joias preparou o flagrante contra João Paulo e antes já tinha sonegado informações sobre seu patrimônio no ato do registro de sua candidatura nas eleições do ano passado. Agora trabalha para sua candidatura a deputado estadual nas eleições de 2022. A pergunta é: COMO ACREDITAR EM UM CANDIDATO DEFENSOR E BENEFICIADO PELA IMPUNIDADE?