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Padre abusava de coroinhas dentro de igreja, detalham vítimas

Um dos jovens detalha que a série de abusos, inclusive, começou após um encontro dos coroinhas, quando, no dia seguinte, o padre convidou alguns jovens para almoçar na casa paroquial, que fica nas dependências da igreja.

Publicada em 14/03/22 às 07:07h - 378 visualizações

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Padre abusava de coroinhas dentro de igreja, detalham vítimas
Padre Delson Zacarias dos Santos  (Foto: Reprodução/Redes sociais)

Em uma dinâmica de abuso e poder, o padre Delson Zacarias dos Santos, acusado de abuso sexual e estupro de vulnerável, usava a credibilidade que tinha na comunidade para atrair e abusar de coroinhas dentro da igreja. É o que detalha duas vítimas do sacerdote. Os rapazes que não terão as identidades reveladas, foram abusados pelo padre dentro da casa paroquial.

Em entrevista à Record TV, os jovens contam que o padre sempre se interessou em acompanhar de perto o grupo de coroinhas formado por crianças e adolescentes da Paróquia São Mateus, em Sobradinho, no Distrito Federal. Ele participava de todas as reuniões da turma e estava também incluído no grupo de WhatsApp dos coroinhas.

Um dos jovens detalha que a série de abusos, inclusive, começou após um encontro dos coroinhas, quando, no dia seguinte, o padre convidou alguns jovens para almoçar na casa paroquial, que fica nas dependências da igreja.

“Depois que todos foram embora, e ficou só eu e o Décio, ele começou a fazer perguntas sobre a minha família e sobre como estava a escola. Aí ele me surpreendeu com uma pergunta do tipo: ‘você se masturba?’. Eu respondi que não e depois ele pediu para ver meu órgão genital’, relembra. O episódio aconteceu em 2014, quando a vítima tinha 18 anos. Após isso, o jovem conta que sofreu uma série de abusos entre 2014 e 2021, e chegou a ser estuprado pelo padre em 2017.

Método para abusar de crianças

O rapaz detalha que o padre usava da confiança que tinha na comunidade e com a família dos coroinhas para se aproximar das crianças. “O Delson tinha o respeito da comunidade de forma geral e eu acho que o poder de persuasão dele era por completo. Eu, na minha visão de criança, pensei que ninguém acreditaria em mim naquela época, justamente por causa da imagem que ele criou dele mesmo. Todos tinham respeito por ele e isso me reprimia”.

Foi a forma fria com que o padre agia como se nada tivesse acontecido, que o jovem decidiu denunciar os abusos. “Eu não aguentava mais esconder esse fato da minha família, esse meu sofrimento, crises de ansiedade intensas me consumiam a ponto de eu não conseguir dormir. Foi quando procurei ele [para dizer que ia revelar os abusos], ele me reprimiu e disse que não iria acontecer novamente, e foi quando ele tentou fazer novamente uma coisa [um abuso], que foi quando eu decidi procurar a psicóloga porque sozinho eu não conseguiria”.

O jovem, atualmente com 26 anos, foi a primeira vítima a procurar a polícia e denunciar o padre Delson. “Eu só consigo superar e dizer isso por conta do meu tratamento, do apoio familiar e de amigos, por exemplo, de outros coroinhas. É esse apoio psicológico, de familiares e, sobretudo, de Deus que vem me sustentando muito”.

Padre oferecia presentes para atrair coroinhas

Outra vítima do sacerdote conta que o padre tinha o costume de presentear os jovens com lanches e momentos de lazer. “No meu aniversário, ele chamou para comer pizza com outros três jovens no shopping. Depois da pizza, fomos à casa paroquial para assistir a um filme. Quando acabou o filme, o padre se ofereceu para me deixar em casa e acabou ficando só nós dois na casa”. Foi nesse momento que o sacerdote comentou que “queria conhecer a genitália” do jovem.

O padre foi indiciado pelo crime de estupro de vulnerável e está foragido. Se condenado, pode cumprir pena que varia de 8 a 15 anos de prisão. Em 2021, quando as primeiras denúncias contra o religioso foram divulgadas, o arcebispo Dom Paulo Cezar Costa afastou Delson da função paroquial e iniciou investigação prévia.

“O arcebispo recebeu a suposta vítima e seus familiares em audiência, acolhendo e manifestando sua proximidade de pastor, prestando assistência protetiva e psicológica aos envolvidos, zelando e expressando o compromisso da igreja com a proteção de crianças, adolescentes e pessoas vulneráveis”, informou a arquidiocese em nota.

“Infelizmente, ele continua foragido e isso me deixa aflito porque ainda está solto, mas eu acredito na justiça e, sobretudo, na justiça de Deus”, finaliza a vítima.




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