Ao protocolar o pedido de urgência da votação da PEC da Anistia segunda-feira (14.04), o líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), fez tremer o governo federal e também o Partido da Toga (PT). As reações de governistas dos 3 Poderes foram imediatas.
Tão logo o pedido foi protocolado, o improbo deputado Lindbergh Farias (PT/RJ) disse que o governo Lula tomará providências, já que das 262 assinaturas do documento, 146 são de parlamentares de partidos que estão na base do governo e possuem ministérios: União Brasil (40 assinaturas e 2 ministérios), PP (35 assinaturas e 1 ministério), Republicanos (28 assinaturas e um ministério), PSD (23 assinaturas e 3 ministérios) e MDB (20 assinaturas e 3 ministérios). Para ele, parlamentares da base que assinaram decidiram romper com o governo.
A fala do deputado repercutiu tão mal que a sua própria companheira, a ministra das propinas e Amante na lista da Odebrecht, Gleisi Hoffmann (PT), disse um dia depois, na terça-feira, que o governo não fará retaliações contra parlamentares da base que assinaram o poderoso pedido.
Entretanto, depois da fala de Lindbergh, a deputada Helena Lima (MDB-RR) retirou sua assinatura. Motivo: a parlamentar é sócia da empresa Voare Táxi Aéreo que é do seu marido Ronildo Evangelista Lima, um empresário que foi preso pela cueca, já que a PF o encontrou com dinheiro nas partes íntimas. Segundo levantado, a Voare já recebeu R$ 610,6 milhões da União e isenções fiscais de R$ 11,5 milhões e R$ 3,1 milhões em emendas parlamentares. Está explicado: Dinheiro do povo voando para a empresa da deputada.
Já o ex-governador e deputado Robinson Faria (PL-RN), que discute a saída do partido de Bolsonaro, pediu para incluir seu nome na lista, cobrindo a saída da deputada propinada que foi "convencida" a retirar o nome.
Vencendo o primeiro round, a oposição agora tem que lutar para que o pedido seja pautado. O presidente da Casa, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), que mudou de postura depois que viajou com Lula e Alexandre, O Glande, para a Terra do Sol Nascente, já deu declarações aludindo que não pautará o pedido. Mas ele já viajou novamente e o deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), subscritor do pedido, assumiu a presidência da Casa.
Entretanto, Sóstenes disse que só vai partir para o ataque com a volta de Motta. O deputado bolsonarista espera que a votação do projeto seja resolvida na reunião de líderes onde, neste momento, a oposição "minoritária" tem maioria.