O bolsonarismo tem um grande problema: não tem organicidade nacional. Diferentemente dos tradicionais partidos de esquerda que têm unidade nacional, projetos e alianças bem definidos, os apoiadores do presidente só tem por norte os valores conservadores e as ações do presidente e do governo federal. Esse é um problema que terá que ser equacionado nas eleições de 2022 sob o risco de apoiarem novos Dórias, novos Witzels etc para mais à frente os chamarem de traidores oportunistas. Mas, ao que parece, as experiências de 2018 não serviram.
No Ceará, o governador Camilo Santana (PT) e os Ferreira Gomes (PDT) contam com o apoio de partidos aliados nacionalmente do presidente Bolsonaro, como é o caso do Partido Liberal (PL), ao qual Bolsonaro está inclinado a se filiar. Seu presidente regional, Acylon Gonçalves, é um ferrenho defensor dos Ferreira Gomes.
Por outro lado, também existem figuras públicas do bolsonarismo cearense, como é o caso do vereador de Fortaleza Carmelo Neto (Republicanos) e do deputado estadual Delegado Cavalcante (PTB) que apoiam o prefeito de Juazeiro do Norte/CE Glêdson Bezerra (PODE), um fã dos Ferreira Gomes que votou em Ciro no 1º turno das eleições de 2018 e já declarou seu voto e seu apoio incondicional à candidatura de Camilo Santana ao Senado.
Glêdson, filiado a um partido que hoje é declaradamente oposição ao governo Bolsonaro e já tem pré-candidatura própria com Sérgio Moro, dissabor do presidente, já traiu prefeitos, vereadores e candidatos a deputados e hoje tem em seu governo ferrenhos defensores de Lula e Ciro, como Damião, militante sindical da esquerda que é do Gabinete do Prefeito, o próprio chefe de Gabinete Carlos Macedo, representante histórico do Partido Socialista Brasileiro (PSB), e o corregedor-geral e ouvidor-geral Wilson Melo, dentre muitos outros.
Carmelo apoia o governo camaleônico de Juazeiro do Norte, abrindo, inclusive, portas do governo federal ao prefeito da 3ª via. Da mesma forma, Glêdson tem o apoio do PTB juazeirense que, evidentemente, conta com a anuência da direção estadual da sigla cujo representante mor é o Delegado Cavalcante,
Será uma eleição curiosa para registro com palanques caleidoscópicos para todos os gostos que lembrarão a Quadrilha drummondiana: Carmelo e Cavalcante gostam de Glêdson que gosta de Camilo Santana e Capitão Wagner que gosta de Eunício Oliveira que gosta de Lula que não gosta de Ciro.
P.S. O Capitão Wagner irá para a terceira via ou, como disse Cid Gomes, será um bolsonarista envergonhado e não declarado?
(Foto: Reprodução/Redes sociais/Carmelo Neto)