No dia 16 de dezembro de 2021 publiquei a matéria A FUTILIDADE DA BREGUICE ENDINHEIRADA onde relatei o fato da influencer e escritora Stephanie Matto lucrar mais de R$ 260 mil por semana vendendo seus peidos armazenados em vidrinhos com uma pétala.

Recentemente, uma banana foi comprada por US$ 5,2 milhões, aproximadamente R$ 36 milhões, pelo empresário Justin Sun, fundador da plataforma de criptomoedas Tron, em um leilão da Sotheby's de New York.

A banana, colada a uma parede por uma fita adesiva, foi considerada uma obra de arte conceitual com o nome de Comedian, ou seja, Comediante, em português. Seu autor, o artista italiano Maurizio Cattelan, disse que Comedian "É uma provocação que nos convida a refletir sobre o valor da arte e a dinâmica desse mercado, nos levando a questionar o que essa obra diz sobre nós como espectadores".

Ontem (29.11), Justin Sun, em um hotel de luxo em Hong Kong, devorou a banana diante de dezenas de jornalistas e influenciadores digitais e declarou: "Está realmente muito boa". Dias antes de comê-la, Sun disse que isso seria uma "experiência artística única". O que ninguém disse ao empresário é que milhares de macacos fazem essa experiência "única" todos os dias.

Segundo uma matéria do The New York Times, a banana foi comprada por 25 centavos ao comerciante Shah Alam, de 74 anos e que mora em New York, que após saber da venda da "obra de arte conceitual" na casa de leilão ficou bastante frustrado: "Eu sou um homem pobre. Nunca tive esse dinheiro na vida".

Essa simples banana devorada "apelidada" de Comedian e que virou uma febre no mundo das notícias, "é uma piada contra um sistema cansado, convite para redescobrir o poder da ironia e da simplicidade", segundo seu autor.  Para o artista italiano, "Foi o mercado que decidiu levar tão a sério uma banana presa na parede. Se o sistema é tão frágil a ponto de escorregar em uma casca de banana, talvez ele já fosse escorregadio".

Enquanto imagino quantas bocas famintas esses R$ 36 milhões poderiam alimentar por um ano, Maurizio Cattelan, com sua irônica comédia, ri endinheirado da miséria subjetiva do mercado da escorregadia arte conceitual.

E você, car@ leitor(a), se tivesse tanto dinheiro optaria pelo frasco de vidro de R$ 5,6 mil com o peido de Stephanie Matto ou preferiria uma banana de R$ 36 milhões adesivada em uma parede?

Assim caminha parte da humanidade.