Ontem (10), em entrevista exclusiva ao repórter Roberto Cabrini, Zé Trovão, liderança dos caminhoneiros, afirmou que a greve pode estar chegando ao final. O caminhoneiro falou da greve, das conversas com o presidente na quinta-feira (9) e de sua condição de procurado a partir do mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes.
O presidente pediu na quinta-feira, em reuniões com o ministro Tarcísio Freitas e as lideranças dos caminhoneiros, dentre elas Zé Trovão que está no México e participou de forma virtual, que o movimento grevista só durasse até domingo para não provocar desabastecimento no País e causar uma escalada inflacionária. Ao que tudo indica, Bolsonaro conseguiu o seu intento.
Zé Trovão disse que a greve não foi por Bolsonaro, mas pela liberdade de expressão, pela democracia brasileira, pelo Brasil: “Nós dissemos que tudo que estava sendo feito não era pelo presidente, era pelo Brasil, pela liberdade do povo brasileiro".
Disse também que o movimento pode ter fim, até porque, no diálogo, o presidente, que conta com o apoio massivo da categoria, fez propostas que apontam para o começo de uma nova e verdadeira mudança: “Ele disse que nos próximos 15 dias o Brasil já vai sentir uma grande diferença no andar da nossa nação".
Logo após as manifestações do 7 de setembro e o tensionamento do dia seguinte, o presidente lançou uma carta que teve como resposta imediata do STF a revogação do pedido de prisão contra o jornalista Oswaldo Eustáquio e que fora assinado por Alexandre de Moraes. A princípio, os caminhoneiros e o próprio Zé Trovão pensaram que com a carta Bolsonaro estaria recuando, mas logo entenderam a validade do posicionamento do presidente dentro da atual conjuntura.
A principal reivindicação do movimento dos caminhoneiros é o impeachment dos ministros do STF, principalmente o de Moraes que é o que vem mais atacando os direitos individuais e as liberdades democráticas. Os caminhoneiros podem até determinar o fim da greve no domingo, mas a luta pelo impeachment não dará trégua.
Em verdade, desde o pedido do presidente, a greve vem diminuindo e mostrou ao País que a categoria tem força e que o presidente pode contar com ela. Segundo Zé Trovão, em uma das duas reuniões com os caminhoneiros, Bolsonaro afirmou que a mobilização deles "surtiu um efeito muito positivo para a democracia".
Perguntado sobre se iria entregar-se ou não à Interpol, já que tem mandado de prisão e está fora do Brasil, Trovão disse que só se entregará mediante a aceitação de um habeas corpus que lhe seja favorável. Ontem (10), o ministro Fachin negou o pedido de habeas corpus impetrado pelos deputados federais Vitor Hugo (PSL/GO) e Carla Zambelli (PSL/SP) em favor de Zé Trovão. Ou seja, mediante essa situação, o líder dos caminhoneiros continuará a sua temporada no exílio.